Ex-funcionários
revelam para a justiça os bastidores do outro lado da imprensa chantagista piauiense.
Assis
Chateaubriand foi um controverso empresário de comunicação cujos métodos de
conquistar poder e dinheiro na imprensa brasileira entraram para a história.
Seus episódios de chantagem foram denunciados pela revista americana “Times” em
1957. Segundo o relato, “o método era quase sempre o mesmo: ameaçar o candidato
a doador com campanhas difamatórias, caso ele se negasse a fazer a contribuição
desejada.”
As
práticas nada convencionais de “Chatô” parecem se reproduzir no Piauí. É o que
revelariam denúncias feitas por ex-funcionários do portal 180graus e por alguns
empresários. Seus relatos dizem muito sobre o que está por trás do “sucesso” do
maior portal de notícias do Piauí.
Comandado
por Helder Eugênio, que assim como “Chatô”, é jornalista e advogado, o
180graus, segundo as denúncias, conseguiria recursos a partir de práticas de
chantagens, exploração de mão de obra, intimidação e assédio. Segundo os denunciantes,
o problema é tão grave que ex-funcionários chegaram a sofrer surtos
psicológicos.
Ex-funcionários
revelam práticas de extorsão no 180graus
O
modus operandi do 180graus está deixado de se tornar assunto velado. Há alguns
anos o empresário Silvio Leite vem denunciando as chantagens que Helder Eugênio
estaria praticando não apenas contra o Governo do Estado e prefeituras, mas
também contra empresários e políticos. A coragem de Silvio em expor o problema
em sua rede social tem feito com que outras prováveis vítimas também se
manifestem.
É
a tática “contra ou a favor?” A mesma que foi usada por Chatô, e que ficou
muito evidente no 180graus em 2014. A ferramenta de coação do “dr” Helder
Eugênio – ele exige que seus funcionários assim o chamem – seria o portal
180graus.
O
Capital Teresina teve acesso aos relatos de vários ex-funcionários. Foram
depoimentos feitos ao Ministério Público do Trabalho. É tudo muito assustador.
Chantagem
contra prefeitos?
Em
um dos depoimentos, prestado ao MPT por um ex-funcionário do 180graus, é
descrito a forma como o Portal conseguiria os contratos com as prefeituras do
interior. Segundo a fonte denunciante, essas pequenas prefeituras do interior
são, juntas, as maiores receitas do 180graus. “É através dessa receita que ele
[Helder Eugênio] mantém o portal. Caiu muito [contratos] depois que eu saí de
lá, os prefeitos não querem fazer contrato, segundo eles, ter algo com o
180graus é como assinar o termo de que está sendo chantageado e que se fez algo
de errado”, disse o ex-funcionário.
O
trecho do depoimento que revela as relações incestuosas com os municípios,
prestado pelo ex-funcionário ao Ministério Público é assustador. Veja a
transcrição: “…que havia uma meta de
vendas aos prefeitos dos municípios do interior para adquirirem notícias no
blog 180graus; que, caso o prefeito não adquirisse o blog 180graus, os
empregados eram obrigados a fazerem notícias contrárias ao município e ao
prefeito de forma a forçar o prefeito a adquirir o blog…”
Trecho
original do depoimento prestado ao Ministério Público do Trabalho
Beleza
e fragilidade emocional seriam os critérios de escolha do 180graus
“…
o sr. Helder, em geral, procura jovens, até 25 anos, solteiros, para trabalhar,
e com alguma falha na estrutura familiar…” Foi assim, em depoimento, que o
ex-funcionário revelou como é o processo de escolha das pessoas que trabalham
no 180graus. Seria nesse universo, de relações pouco republicanas, que esses
jovens experimentariam a vida profissional na imprensa.
Depoimento
cita escolha baseada em “falha na estrutura familiar”
Contra
ou a favor?
Decoração
estranha: na parede quadros com dizeres “vendo a paz e existe a guerra”.
Uma
das posturas mais controversas do 180graus ocorreu no ano eleitoral de 2014.
Entre julho e outubro daquele ano, os visitantes que chegavam no “Terraço 180”
se deparavam com uma foto de Helder Eugênio fumando charuto. A imagem, que
lembrava a de Fidel Castro, ficava entre duas frases emblemáticas. Do lado
esquerdo estava escrito “Vendo a Paz”. Do lado direito o visitante lia “existe
o inferno”. Uma boa forma de recepcionar.
E
foi assim, entre a paz e a guerra que o 180graus se posicionou editorialmente naquele
ano. Primeiro voltou sua artilharia contra o então Governador Zé Filho.
Charges, matérias. Tudo contra o então governador. Mas, antes que o leitor do
180graus conseguisse digitar o endereço eletrônico do portal, Helder Eugênio
virou um dos coordenadores do próprio Zé Filho ao Governo do Piauí naquele ano.
Derrotado,
Helder Eugênio agora busca seu espaço no governo Wellington Dias
No
quesito estratagema, o “dr’ Helder coloca a maioria dos empresários de
comunicação do Piauí no bolso. A estratégia do dono do 180graus é clara:
dividir o governo para ocupá-lo. Misturando elogios e críticas, Helder atira
nos setores do Estado que não tem influência e elogia aqueles com quais mantém
relação.
Nos
últimos meses, Helder tem medido forças com o governador Wellington Dias. Ele
está contra alguns. E a favor de outros.
Fonte:
CapitalTeresina